
15 jun Novas descobertas no tratamento do vitiligo
Uma pesquisa científica que vem sendo realizada no Paraná promete trazer um novo horizonte àqueles que sofrem do tipo mais comum de vitiligo, conhecido como não-segmentar, que aparece tanto do lado esquerdo quanto do lado direito do corpo. A descoberta de um defeito genético pode fazer surgir novos tratamentos, como explica o dermatologista Caio Castro, da Clínica Dermoestética. Ele é o responsável pelo estudo, resultado da tese de doutorado em Genética do Vitiligo, desenvolvida na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
“Descobrimos que a maioria das pessoas que tem vitiligo possui um defeito no gene que produz a proteína DDR1. Essa proteína é responsável pela fixação dos melanócitos (células de pigmentação). Se a ligação é rompida, essas células morrem e a pele perde sua coloração”, explica ele, que é especialista em doenças de pele. No estudo foram analisadas amostras de sangue de 638 pessoas portadoras e não portadoras da doença.
O vitiligo é a morte dos melanócitos, que são as células de pigmentação da pele. Até hoje não se sabe ao certo a causa precisa do aparecimento da doença. A descoberta dos pesquisadores paranaenses pode beneficiar apenas os pacientes incluídos no grupo atingido pelo vitiligo causado por defeitos de adesão das células, que por algum motivo enfraquecem e morrem. Além desse tipo, há o vitiligo que teria causa auto-imune, ou seja, em que o corpo agiria contra os próprios tecidos, produzindo anticorpos que combatem as células de pigmentação.
Na maioria dos casos, as células se “descolam” da pele devido a traumas. “Já sabemos que queimaduras, batidas e cortes podem estar ligados à despigmentação. Mas isso só vale para quem tem predisposição genética, ou seja, quem tem o defeito no gene. Eu posso ter me machucado a infância inteira e nunca ter vitiligo,” conta o pesquisador.
A ciência ainda não descobriu o que causa a mutação. Também não é possível adiantar quais pessoas vão ter a doença. “A causa é genética, mas também pode ser hereditária. Pode ser que apenas uma pessoa na família apresente a doença, mas a possibilidade dos filhos dessa pessoa também terem vitiligo é alta,” explica Castro.
O Brasil não apresenta dados epidemiológicos sobre a incidência ou prevalência do vitiligo, mas estima-se que a doença atinge 0,5% da população mundial. A média de idade para o aparecimento da doença é de 24 anos. Mas as primeiras manchas podem aparecer em crianças e adolescentes. O vitiligo afeta igualmente homens e mulheres. A doença não é contagiosa e não causa dor.